Texto escrito por Emiliano Aquino – Doutor em Filosofia.
"O reconhecimento legal da língua brasileira de sinais significou a admissão pelo Estado de que as comunidades surdas se constituem numa minoria linguística. No plano pedagógico, isso deveria significar a substituição do antigo critério médico da condição sensorial (a surdez) para o critério linguístico, psicológico, antropológico e pedagógico da especificidade da língua (a Libras). Assim, a relação da escola com a criança surda não poderia mais ser pensada sob a perspectiva da deficiência, mas sim da diferença linguístico-cultural.
Apesar disso, as atuais referências da discussão sobre a inclusão educacional continuam a se constituir no plano abstrato da categoria médica da deficiência, na qual coisas tão pouco relacionadas entre si, como diferenças físicas, sensoriais e cognitivas, são, com base no critério da normalidade, indistintamente agrupadas.
Feita essa abstração, a deficiência é então pensada no plano igualmente abstrato dos direitos humanos, no qual se afirma a igualdade de todos os indivíduos; logo, todas as pessoas com deficiências, sendo iguais às demais, devem da mesma forma frequentar as escolas ditas regulares. Essa é, em todos os aspectos, uma conclusão correta.
O problema só surge quando daí a atual equipe de educação especial do Ministério da Educação (MEC) conclui que qualquer reivindicação à diferença, mesmo quando se trata da diferença linguística dos surdos, é contra os direitos humanos, pois é contra o princípio da igualdade. Por permanecer presa à identidade formal do gênero humano consigo mesmo, a abstração que serve de base à atual política de inclusão educacional não consegue conter o desenvolvimento da diferença.
Assim, a atual política oficial de inclusão opera uma abstração da especificidade linguística dos surdos e a reconduz à categoria médica da deficiência, através da qual busca dissolver a diferença surda na igualdade abstrata entre os indivíduos.
Trata-se de uma naturalização da surdez, uma fixação do surdo no que lhe falta do ponto de vista sensório-perceptivo e, ao mesmo tempo, uma negação do que excede a essa falta natural, que é a língua na qual ele organiza o mundo e nele intervém.
Justo quando quer abandonar o critério médico como critério pedagógico, a atual política de inclusão educacional a reafirma como critério pedagógico. Desse modo, a velha escola especial – que no caso dos surdos quer dizer a escola oralista, lugar de cura da surdez e de reabilitação da fala – retorna com todos os seus direitos na chamada escola inclusiva, que mantém a Português como língua de instrução.
Para os surdos, a superação radical do critério médico como critério pedagógico, que é comum à antiga e à nova política de educação especial, só pode ser uma escola diferenciada bilíngue Libras/Português, na qual se acolha e se desenvolva o que os surdos fizeram linguístico-culturalmente de si, para além do que lhe faltou a natureza."
Fonte: O Povo Online (01/08/11) / http://www.deficienteciente.com.br/2011/08/os-surdos-e-a-inclusao-educacional.html
Minha Amiga de Pós!
ResponderExcluirAmeiiiiiiiiii essa sua postagem, estou agora no 3° Modulo de libras e quero desenvolver meu TCC neste assunto, qualquer coisa eu procuro sua ajuda, parabéns por colaborar em meu crescimento educacional sobre este assunto.
Posso usar este post, em meu blog tbm?
ResponderExcluirAssim colocarei seu blog como referencia, pois no meu blog tem um local especifico só para esses assuntos.
Entra lá: Inclusão Social
Esse assunto foi de muito bom gosto e também bem lembrado. Muitas vezes por não convivermos com esta realidade de perto, não conhecermos pessoas que tem esta deficiência, nos faz as vezes esquecer do assunto. O setor da educação precisa se aprimorar sempre para atender a todos os públicos. A inclusão social nunca deve ser esquecida, especialmente na EaD, que é o futuro da educação.
ResponderExcluirAdorei está materia, mostra a importancia da inclusão social e que mudanças devem ser feitas na educação para que estas pessoas possam futuramente estar em igualdade com a sociedade, espero que num futuro proximo.
ResponderExcluir